Por José Maria Joyce Paranhos da Silva Junior
Psicólogo Clínico e Terapeuta de Casal e Família, com especialização em
Dependência Química e outros transtornos compulsivos.
CRP: 05/26114
O vício ou adicção (compulsões), é um dos aspectos mais enigmáticos da natureza humana, a pergunta que podemos formular é como aborda – lá pela via terapêutica?
Existem várias correntes psicológicas que vão tentar contribuir para elucidar tais questões. A psicanálise é uma delas, que visa uma reflexão mais profunda à respeito das adicções e compulsões . Sendo uma questão afeita à saúde pública, se insere em nossa sociedade e trás à tona perturbações, considerações e algumas vezes leva pessoas( sujeitos) a desorientação. A pergunta que se faz é: Existe mal estar mais atual?
Parece que à vida psíquica dos seres humanos, sempre foi permeada pela questão da compulsão à repetição, com relação ao álcool, as drogas e à própria alimentação, que nos dias atuais se tornou um fenômeno aonde deságuam nossos prazeres e frustrações. A psicanálise através de Freud, Abraham e Ferenzi, trouxeram como desassociar os afetos/emoções das compulsões que em via de regra, podem se tornar o lenitivo para suavizar nossas frustrações?
O fenômeno da drogadição, tornou-se crescente e o mal estar atualizou-se, tal como Freud mencionou. A droga representa esse “objeto“, no qual o sujeito irá transferir, alienar-se de forma consciente e inconsciente o seu desejo e no qual se vincula como saída para solução e resolução de problemas afetivos/emocionais, muitas vezes recaindo por causa da resistência, da negação em conseguir encontrar saída sem esses prazeres artificiais, vinculando-se à uma dependência desses “objetos ” de satisfações. O fato é que nossos prazeres estão ligados em via de regra a essas substâncias químicas que nos fazem sentir prazer ou desprazer, dependendo da intensidade do uso ou abuso das mesmas e que torna-se problema de saúde pública no momento em que perde-se o controle e usa-se de forma abusiva. Será que o mal estar vinculasse à falta ou ao excesso de uso?
As drogas estão na civilização desde de muito tempo, havendo citações a nível Bíblico, associação à rituais mágicos, a crenças e culturas, as mais diversas religiões, medicina, farmacologia moderna, causando remissão dos sintomas ou alívio dos quais os indivíduos padecem (Dor psíquica/Fisica). Na década de 50, as propriedades das substâncias químicas exerceram um fascínio diante da população mundial, criando os ditos “paraísos artificiais”, em que as drogas (lícitas e ilícitas), podiam aliviar a pressão da vida industrializada das conseqüências de uma aceleração da vida e o desejo de bens de consumo e entre eles se encontravam “objetos -droga”, viabilizando a baixa das tensões, transformando nossos hábitos e costumes, conhecimento e manipulação, também. O citado “flagelo Social”, perdeu-se o controle e deu-se lugar a compulsão, que podia aliviar as tensões da vida cotidiana.
A dor psíquica pode ser contida ao mesmo tempo que se simpatizava no corpo, o mal estar, o uso e o abuso que faziam aliviar os sintomas psíquicos de desconforto como uma forma de controle das patologias que tinham na sua etiologia, problemas psíquicos. O relato de um Adicto resume essa questão: “Se todos tivessem oportunidade de fazerem uma análise ou serem ajudados por um(a) psicólogo(a), muitos como eu seriam poupados talvez de forma inconsciente de caminharem rumo à morte. Acrescentando: Infelizmente há os que passaram a caminhar conscientemente por serem sensíveis, frágeis, terem medo, angústia, em direção a uma rejeição real fantasiosa, por causas não tratadas, lançarem-se em direção ao abismo ou ao fim de sua jornada, por não conseguirem trabalhar suas emoções/Afetos”. Assim, a escolha de uma “Droga” (objeto -droga), torna-se uma opção vinculante, tal como poderia ser um trabalho, o jogo, a comida, ou qualquer outra coisa que viesse suprir a “falta” ou “compensar o excesso”.